"Não se posicionar na Política é nada fazer ; Ora nada fazer é compactuar com o que está estabelecido- Seja ela qual for." Jonathan Wolff

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Maioria Absurda


Quando criança muitas vez com meus amigos encontrávamos em situações que tínhamos que escolher o que queríamos fazer, e nesse meio tempo uns queriam fazer uma coisa e outros queriam fazer outra completamente diferente e a forma como escolhíamos o que faríamos era pela regra da “maioria é que vencia”, embora achássemos que era um modo justo de fazer as coisas, mais tarde vim aperceber que muitas vezes meus amados amigos eram obrigados a fazer coisas contra a sua vontade e quantas vezes eu não fiz coisas contra a minha vontade, levado por essa regra de que a maioria é que vencia…
Se numa brincadeira de crianças essa regra não tinha grandes consequências porque muitas vezes as decisões mais importantes que tínhamos que tomar era sobre qual brincadeira deveríamos brincar ou não, o mesmo não se pode dizer em relação a outros assuntos.
Trazendo essa regra a situações mais importantes como o é governar um pais, Principalmente o nosso onde as decisões que são tomadas sempre tem grandes consequências na vida da população.
Onde quero chegar com tudo isso, é que durante as campanhas eleitorais, o que mais os partidos políticos pedem é que votemos neles para que tenham uma maioria absoluta para poderem governar mais descansadamente, impressionante a forma como o pedem que muitas vezes chegam a implorar por essa tão importante maioria absoluta.
Mas será que alguma vez você se perguntou o porque deles pedirem isso tão insistentemente?
Você já se perguntou qual é a importância que a maioria absoluta tem?
Você já se perguntou o poder que uma maioria absoluta dá a quem o detêm?
Em Cabo Verde sempre fomos governados por uma maioria absoluta no governo e entra partido e sai partido e tudo continua a mesma coisa.
Talvez poderíamos dizer que a maioria absoluta não é mau, e pode até não ser, pois garante que um partido governe com maior estabilidade, mas é essa estabilidade que me preocupa, essa forma de governar que me deixa um pouco preocupado, pois sem querer desmerecer ninguém, nossos políticos parecem talhados a governar só com uma maioria absoluta, o que me leva a perguntar, o que acontecerá se algum dia eles não tiverem essa maioria e tiverem que repartir a meias as cadeiras da nossa assembleia?
A mim me parece que há ainda uma certa imaturidade política em Cabo Verde para que se possa governar sem uma maioria absoluta.
Enquanto tivermos políticos pouco sérios e quase nada comprometidos com os reais problemas da sociedade cabo-verdiana, teremos políticos implorando por votos para que possam alcançar essa tão bendita maioria absoluta.
Também posso afirmar com toda a certeza que nós enquanto eleitores continuarmos a dar a esses políticos essa maioria absoluta, continuaremos vendo projectos que muitas vezes não beneficiam o povo, mas sim a interesses partidários, ou de um grupo de elite a serem aprovados.
Continuaremos a ouvir políticos dizerem que eles é que tinham a maioria então essa ou outra lei seria aprovada mesmo indo contra o que beneficia o povo como foi recentemente o caso do Orçamento do Estado para o ano de 2013.
Continuaremos a levar com essas ridículas falas de que o projecto era um projecto do partido e que com a maioria ela foi aprovada.
Não sei se fico feliz ou choro com as maiorias absolutas desses governos, porque para mim devido a incompetência de muitos em procurarem os interesses de Cabo Verde, no dia em que não tiverem uma maioria absoluta para governarem como quiserem, Cabo Verde estagnará, porque pura e simplesmente não consigo ver esses partidos chegarem a uma situação de terem que governarem a meias.
Espero sinceramente pelo dia em que não precisaremos mais de uma maioria absoluta para governar porque os interesses de Cabo Verde falarão mais alto que os interesses partidários, e as demandas governamentais serão para o bem de Cabo Verde porque foram pensadas e votadas por todos.
Espero ansiosamente por um Cabo Verde onde o exemplo de conivência pacífica vem de onde deve partir dos nossos governantes.
Sei que esse dia chegará, mas para que isso aconteça é necessário que nós tenhamos consciência que podemos fazer isso acontecer votando de forma consciente.
Porque se uma maioria tem que vencer que seja a vontade de todos os cabo-verdianos, para o nosso próprio bem.